Retirado do site do Correio do Povo.
Realidade nacional é referendada na região. Baixo salário está entre os fatores de desmotivação.
Publicado 23/01/2012 às 09:57:08 - Atualizado em 23/01/2012 às 11:17:18
A falta de professores habilitados para compor o quadro funcional das escolas da rede pública, mais uma vez fará parte do “pacote” de volta às aulas no Vale do Itapocu. A situação referenda um problema crônico do ensino público no Brasil, que aponta déficit de 300 mil professores nas redes estaduais e municipais de ensino, segundo estimativa da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. Corresponde a 15% do total de educadores em sala de aula.
Fatores que conduzem a essa triste realidade não faltam e são históricos, como os baixos salários, falta de professores no mercado e de planos de carreira, mau gerenciamento dos servidores e precariedade das instalações físicas. Outras mazelas podem ser acrescentadas à lista de insatisfações, como aumento da violência e da intolerância no ambiente escolar e afastamentos por doença dos servidores, em muitos casos causados pelo estresse e excesso de carga horária.
Em meio a esse contexto, apenas a rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul parece passar ao largo, em função de oferecer o melhor salário de Santa Catarina. Enquanto um professor da rede estadual catarinense recebe piso de R$ 1.700 por uma jornada semanal de 40 horas, na rede municipal de Jaraguá do Sul o valor mínimo pago é de R$ 2.300.
Dificuldade para manter os professores
A gerente regional de Educação da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional), Lorita Zanotti Karsten, reconhece que os salários da rede estadual de ensino estão abaixo dos praticados pela rede municipal de Jaraguá do Sul, e que mesmo entre os ACTs inscritos para seleção, há os que desistem por receberem propostas mais vantajosas de trabalho. No caso dos habilitados, muitas vezes a escolha recai na rede municipal e até mesmo da rede particular, no caso dos habilitados.
Aos efetivos, o Estado garante licença-prêmio a cada três anos, com 50% de desconto nas passagens de ônibus de circulação no município e gratuidade quando leciona em municípios vizinhos.
Outro fator que tira um professor da sala de aula é o afastamento por doença. “Muitos ficam estressados e pedem para sair da sala de aula. Nesses casos, perdem 40% do salário, se for de ensino fundamental, e 25% do ensino médio”.
Com 29 anos ligada à área educacional, Lorita defende que para ser professor é preciso gostar do que faz, por ser uma profissão que exige dedicação, preparação de aula, pesquisa e aperfeiçoamento constante. “É preciso também gostar de gente. Quem não gosta de conviver, ou não tem habilidade com os alunos, não pode ser professor”, sentencia.
Ela confirma a dificuldade em preencher o quadro de professores de disciplinas como Matemática, Física, Química e Inglês, o que muitas vezes leva à contratação de profissionais não-habilitados.
Rede municipal tem melhor salário
Secretário municipal de Educação, Sílvio Celeste Bard, confirma que Jaraguá do Sul disponibiliza os melhores salários entre os 293 municípios catarinenses. Atesta que hoje o piso inicial de um professor está fixado em R$ 2.300 para uma jornada semanal de 40 horas. Se tiver pós-graduação, há um acréscimo de 8% nos vencimentos do professor. A cada 80 horas de capacitação, o educador recebe mais 1% na folha de pagamento, e a cada três anos, mais 6% de aumento.
Todas essas vantagens, segundo Sílvio Celeste, “faz com que as nossas vagas sejam muito disputadas, não somente pelos professores de Jaraguá do Sul, mas também de outras cidades e estados”, fato que também é comprovado na realização dos concursos públicos. “Temos professores em todas as disciplinas”, complementa.
“Cada município tem suas peculiaridades. No nosso, todos os professores são formados”, reforça o secretário. Ele observa que aos que têm formação em Magistério atuam em funções auxiliares, mas não em sala de aula.
Sinte confirma problemas
A ex-coordenadora do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), Mislene Pickcius, referenda as informações da gerente de Educação da SDR e complementa que na área de Humanas, também há dificuldade para conseguir educadores com formação em Sociologia e Filosofia. A carência de professores nesses dois casos também conduz à contratação de professores em áreas similares.
Mislene, que é habilitada em História, reconhece que esses problemas acontecem em todo o país e recorda do desgaste na relação com o governo do Estado por conta dos 60 de greve que aconteceram em 2011, que levou à reposição de aulas até o final do ano. “Saímos desgastados e o grupo de estudos formado entre o Estado e os professores não evoluiu nas melhorias para a categoria”. Além da histórica luta por melhores salários, o Sinte também aponta o aumento da violência nas escolas, a superlotação de alunos por sala e as deficiências na estrutura física das instituições de ensino. “Com esse calor que faz aqui e as turmas lotadas, não temos salas climatizadas, e em algumas, nem ventilador”, desabafa.
Mislene entende também que problemas físicos e emocionais, assim como a sobrecarga de horários, para suprir as turmas que não dispõem de professor, e autoritarismo de diretores, em alguns casos, são fatores que comprometem a saúde dos educadores.
O Sinte é coordenado por Cristiane Möller, que não foi localizada pela reportagem do O Correio do Povo.
Fatores que conduzem a essa triste realidade não faltam e são históricos, como os baixos salários, falta de professores no mercado e de planos de carreira, mau gerenciamento dos servidores e precariedade das instalações físicas. Outras mazelas podem ser acrescentadas à lista de insatisfações, como aumento da violência e da intolerância no ambiente escolar e afastamentos por doença dos servidores, em muitos casos causados pelo estresse e excesso de carga horária.
Em meio a esse contexto, apenas a rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul parece passar ao largo, em função de oferecer o melhor salário de Santa Catarina. Enquanto um professor da rede estadual catarinense recebe piso de R$ 1.700 por uma jornada semanal de 40 horas, na rede municipal de Jaraguá do Sul o valor mínimo pago é de R$ 2.300.
Dificuldade para manter os professores
A gerente regional de Educação da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional), Lorita Zanotti Karsten, reconhece que os salários da rede estadual de ensino estão abaixo dos praticados pela rede municipal de Jaraguá do Sul, e que mesmo entre os ACTs inscritos para seleção, há os que desistem por receberem propostas mais vantajosas de trabalho. No caso dos habilitados, muitas vezes a escolha recai na rede municipal e até mesmo da rede particular, no caso dos habilitados.
Aos efetivos, o Estado garante licença-prêmio a cada três anos, com 50% de desconto nas passagens de ônibus de circulação no município e gratuidade quando leciona em municípios vizinhos.
Outro fator que tira um professor da sala de aula é o afastamento por doença. “Muitos ficam estressados e pedem para sair da sala de aula. Nesses casos, perdem 40% do salário, se for de ensino fundamental, e 25% do ensino médio”.
Com 29 anos ligada à área educacional, Lorita defende que para ser professor é preciso gostar do que faz, por ser uma profissão que exige dedicação, preparação de aula, pesquisa e aperfeiçoamento constante. “É preciso também gostar de gente. Quem não gosta de conviver, ou não tem habilidade com os alunos, não pode ser professor”, sentencia.
Ela confirma a dificuldade em preencher o quadro de professores de disciplinas como Matemática, Física, Química e Inglês, o que muitas vezes leva à contratação de profissionais não-habilitados.
Rede municipal tem melhor salário
Secretário municipal de Educação, Sílvio Celeste Bard, confirma que Jaraguá do Sul disponibiliza os melhores salários entre os 293 municípios catarinenses. Atesta que hoje o piso inicial de um professor está fixado em R$ 2.300 para uma jornada semanal de 40 horas. Se tiver pós-graduação, há um acréscimo de 8% nos vencimentos do professor. A cada 80 horas de capacitação, o educador recebe mais 1% na folha de pagamento, e a cada três anos, mais 6% de aumento.
Todas essas vantagens, segundo Sílvio Celeste, “faz com que as nossas vagas sejam muito disputadas, não somente pelos professores de Jaraguá do Sul, mas também de outras cidades e estados”, fato que também é comprovado na realização dos concursos públicos. “Temos professores em todas as disciplinas”, complementa.
“Cada município tem suas peculiaridades. No nosso, todos os professores são formados”, reforça o secretário. Ele observa que aos que têm formação em Magistério atuam em funções auxiliares, mas não em sala de aula.
Sinte confirma problemas
A ex-coordenadora do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), Mislene Pickcius, referenda as informações da gerente de Educação da SDR e complementa que na área de Humanas, também há dificuldade para conseguir educadores com formação em Sociologia e Filosofia. A carência de professores nesses dois casos também conduz à contratação de professores em áreas similares.
Mislene, que é habilitada em História, reconhece que esses problemas acontecem em todo o país e recorda do desgaste na relação com o governo do Estado por conta dos 60 de greve que aconteceram em 2011, que levou à reposição de aulas até o final do ano. “Saímos desgastados e o grupo de estudos formado entre o Estado e os professores não evoluiu nas melhorias para a categoria”. Além da histórica luta por melhores salários, o Sinte também aponta o aumento da violência nas escolas, a superlotação de alunos por sala e as deficiências na estrutura física das instituições de ensino. “Com esse calor que faz aqui e as turmas lotadas, não temos salas climatizadas, e em algumas, nem ventilador”, desabafa.
Mislene entende também que problemas físicos e emocionais, assim como a sobrecarga de horários, para suprir as turmas que não dispõem de professor, e autoritarismo de diretores, em alguns casos, são fatores que comprometem a saúde dos educadores.
O Sinte é coordenado por Cristiane Möller, que não foi localizada pela reportagem do O Correio do Povo.
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