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A lei 2200 garante que os professores da rede estadual não podem mais ficar em mais de uma escola, entretanto o governador Cabral quer impedir que ela seja oficializada.
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19/03/2012

NO MÉXICO, A ESCOLA SEM PROFESSOR

Retirado do site do Le Monde Diplomatique.
http://www.diplomatique.org.br/interf/spacer.gif
Enquanto os cartéis de droga controlam regiões inteiras do país, o enfraquecimento do Estado mexicano preocupa até mesmo o governo dos Estados Unidos. O fenômeno pode ser observado também na educação, em que a defesa de estratégias tecnológicas para “reduzir custos” está longe de ser convincente
por Anne Vigna

A lição de álgebra termina e, como a cada quinze minutos, soa um jingle barulhento. Ele anuncia o que todos os alunos estão esperando: o espaço de publicidade. O primeiro spot coloca em cena famílias plantadas em frente a uma fileira de casas. “Este governo construiu 3 milhões de casas para os mais pobres!”, proclama orgulhosamente a narração. Em seguida, outra sequência digna de um blockbuster: delinquentes com aparência sinistra brutalizam um homem acorrentado. A voz continua: “A proteção dos direitos humanos é uma prioridade do governo federal”. Para as crianças do vilarejo de Amatlán de Quetzalcóatl, duas horas ao sul da Cidade do México, um novo dia letivo acaba de começar.
Estamos no centro do estado de Morelos, onde há um século, durante a revolução de 1910, os camponeses liderados por Emiliano Zapata exigiam educação gratuita e de qualidade. Aqui, como em muitos vilarejos mexicanos, os cursos são dados através de um aparelho de televisão conectado a um satélite – daí o nome “tele-escola”.

Quando o provisório se torna norma
Com uma antena parabólica no telhado, a tele-escola é percebida de longe. Dentro, as paredes brancas das duas salas de aula estão quase nuas. Um mapa do México oscila ao lado de um pequeno quadro para o qual o giz é só uma vaga memória. No meio da sala reina a televisão, que, a cada quinze minutos, transmite um curso (seguido por um espaço de publicidade). Dezoito alunos, em três níveis, são supervisionados por dois professores. O papel destes? “Fazer a ligação” quando a TV dá problema, “o que acontece todos os dias”, lamenta Ricardo Ventura, diretor e professor do ensino médio. De fato, depois de quarenta minutos de transmissão, o sinal do satélite desaparece: a aula acabou por hoje.

O primeiro ano acompanhou bem o curso, mas os estudantes não parecem apaixonados pelas caretas da apresentadora, que, de seu estúdio na capital, pretende ensinar-lhes Geografia. Enquanto isso, os alunos do terceiro nível (a quarta série), instalados na mesma classe, dormem ou ficam mordendo a caneta. Antes de seu curso ser transmitido, eles têm de esperar até que passem os do primeiro e do segundo níveis. Nenhum livro, nem mesmo um exercício para aproveitar os minutos que demoram a transcorrer. Alguns erguem um olho para a tela: “As lições do ano passado”, comenta uma. Sim, mas sem o som!, que foi abaixado para que o primeiro nível trabalhe...

Uma olhada para a TV indica ao professor que a lição do segundo nível acaba de terminar e que ele vai poder se ocupar dos maiores. Ele prepara os livros de História, mas a jovem apresentadora anuncia, com música e muitos efeitos de iluminação, que chegou o momento “tão esperado” da Matemática. “Eles nos enviam o programa pela internet, mas eu não consegui ver meu e-mail”, desculpa-se o professor. Dessa vez, os alunos irão trabalhar apenas três minutos: a recepção dá problema, todos saem para o recreio. O professor vai dar a lição sem televisão? “Não, vai passar de novo na semana. De qualquer forma, é melhor ter uma ajuda visual para ensinar.”