Retirado do jornal O POVO.
A greve dos professores da rede estadual de ensino teve início ontem com uma manifestação realizada pelo Sindicato Apeoc, que contou com apoio de grupos de estudantes. As negociações continuam suspensas06.08.2011
Milhares de professores e alunos foram até a sede do Governo do Estado reivindicar que suas demandas sejam atendidas (MARIO VIEIRA/DIVULGAÇÃO)
No primeiro dia de greve dos professores da rede estadual de ensino, o Sindicato dos Professores e Servidores no Estado do Ceará (Apeoc) realizou, ontem, um ato público que levou a categoria e grupos de estudantes a percorrerem vias próximas ao Palácio da Abolição, pela manhã, com cartazes e discursos cobrando que o Governo do Estado atenda às reivindicações. Neste momento, as negociações estão suspensas.
Professores reclamaram do “forte aparato policial”, com homens do Batalhão de Choque, que cercavam o Palácio e bloquearam a passagem da manifestação. “Situação que revela a face turbulenta do Estado do Ceará”, criticou o vice-presidente do Sindicato, Reginaldo Pinheiro, que chamou a atitude do Governo de desproporcional e reprovável.
Segundo a Apeoc, cinco mil alunos e professores participavam do ato. Para o Sindicato, esta foi uma tentativa de impedir a continuidade da passeata e mobilização pacífica dos professores, o que poderia ter gerado conflito.
“O Sindicato Apeoc condena veementemente tal atitude tomada pelo policiamento do Governo, que contou inclusive com Batalhão de Choque”, dizia nota emitida pelo Sindicato. Depois de uma conversa com líderes do Comando de Greve e do Comando de Policiamento, a passagem dos professores por uma via transversal foi liberada.
Negociação
Na quinta-feira da semana passada, o Governo sugeriu elevar de R$ 1.461,50 para R$ 2 mil a remuneração do professor em início de carreira com nível superior, o que significaria aumento de cerca de 40%. No entanto, a Apeoc afirma que a medida destrói a carreira do magistério. “A tabela exclui a classe do professor que é especialista, mestre ou doutor”, reclama Reginaldo Pinheiro. Segundo ele, o Governo fechou o canal de negociação.Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que quem encerrou as negociações foi o Sindicato Apeoc. “A Seduc, mesmo diante da postura adotada pelo Sindicato, mantém a expectativa de que a categoria possa analisar a proposta do Governo, que tem os objetivos de aumentar a atratividade e valorização inicial da carreira que corrige uma distorção histórica reivindicada pela categoria”, defende.
A Seduc defende ainda que o salário inicial terá um incremento de 45%, em relação a 2010, saindo o Estado do Ceará da situação de 5º pior salário do país para o 15º melhor salário inicial para os profissionais do magistério.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
De acordo com pesquisa realizada pela Apeoc, a hora-aula do professor iniciante da rede estadual, com licenciatura plena e carga horária de 40 horas-aula semanais, no Ceará, custa R$ 7,31. É a quinta pior remuneração do País.
A REIVINDICAÇÃO DA CATEGORIA E A PROPOSTA DO GOVERNO
O Sindicato Apeoc reivindica a implantação do piso salarial da categoria em R$ 1.597,87, repercutindo na carreira do professor. Segundo o Sindicato, o piso salarial do professor da rede estadual do Ceará de nível médio hoje é R$ 785. Para o Sindicato, a proposta apresentada pelo Governo não respeita professores que têm especialização, mestrado ou doutorado, o que desestimula a categoria a seguir o Magistério.
O Governo do Estado, por sua vez, defende que o incremento de 45% no salário inicial, em relação a 2010, possibilita concretamente progredir na carreira os que não podiam mais ascender, permitindo que a progressão aconteça a partir do desempenho profissional. Dessa forma, segundo a Seduc, haverá a descompressão da carreira para cerca de 44% dos profissionais ativos, o que corresponde a aproximadamente 7 mil professores. “Para se ter uma ideia da melhoria, no atual modelo de progressão/promoção, apenas 28 profissionais conseguiram chegar ao final da carreira”, defende, por meio de nota.
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