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16/06/2013

LÍDERES DA PRAÇA TAKSIM ACONSELHAM BRASILEIROS A MANTER CARÁTER PACÍFICO E BOM HUMOR NOS PROTESTOS

Retirado do site UOL Notícias.

 Leandro Prazeres
 Do UOL, em Istambul (Turquia)  14/06/2013 - 14h18 
Protestos na Turquia pedem renúncia de premiê e causam mortes


Líderes dos movimentos que manifestam contra o governo turco, em Istambul, demonstraram ontem solidariedade em relação aos manifestantes brasileiros de São Paulo. Eles aconselharam os paulistanos a manter o caráter pacífico dos protestos e utilizar bom humor.

Os protestos contra o governo turco começaram há cerca de duas semanas. Milhares de estudantes tomaram a praça Taksim e o Parque Gezi em manifestação contra a transformação do espaço em um shopping center e em um prédio militar no estilo otomano.

Seref Olusan, um dos líderes do movimento Solidariedade a Taksim, pediu que os brasileiros se mantenham pacíficos, mesmo diante da violência da polícia. "Nesse tipo de manifestação, é importante manter a calma e o caráter pacífico dos protestos. Não adianta perder a cabeça, por mais que isso seja difícil, às vezes".

Protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo
Olusan sugeriu que os brasileiros utilizassem o bom humor durante suas manifestações. Segundo ele, isso é importante para demonstrar a diferença de atitude entre eles e a polícia. "Se eles usarem bom humor, vai ficar cada vez mais claro quem é que está errado nesse confronto. Sei que é difícil fazer quando se está sob pressão, mas é necessário", aconselhou o turco.

Outro líder dos manifestantes turcos, Baris Gonilsr, manifestou solidariedade para com os brasileiros. "Quero que os jovens de São Paulo saibam que eles não estão sozinhos. A causa deles é justa e eles devem, sim, se manifestar por seus direitos. Estamos todos juntos", disse Baris.

Segundo o Movimento Passe Livre, que organizou a manifestação, pelo menos cem ficaram feridos. Entre os feridos, sete são jornalistas da Folha de S.Paulo. A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, foi atingida no olho por uma bala de borracha disparada por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Outro repórter da Folha, Fábio Braga, também foi atingido no rosto por disparos de bala de borracha no centro da cidade. Giuliana subia a rua Augusta registrando o protesto quando foi atingida. 

O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, foi atingido por uma bala de borracha no olho e corre o risco de perder a visão. Ele está internado no hospital Nove de Julho.

Repórteres do Terra e da Rede Brasil Atual foram agredidos com cassetetes durante a cobertura.



Antes do protesto, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que não iria tolerar atos de vandalismo. Na manifestação de hoje, a PM mobilizou grande aparato, com tanques blindados, helicópteros e até a cavalaria. Além da Tropa de Choque, policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e da Força Tática atuaram na repressão, totalizando efetivo de 900 homens.

Segundo relato da repórter do UOL, Janaina Garcia, a Polícia atirou indiscriminadamente, contra manifestantes, transeuntes e jornalista a trabalho. "Não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque". Veja o relato.

Começo pacífico, final violento

O protesto começou por volta de 18h na praça Ramos de Azevedo, no centro, onde os manifestantes se concentravam desde 17h. De lá, o grupo, de aproximadamente 5.000 pessoas, segundo a PM, seguiu até a praça da República. Depois, caminharam pela avenida Ipiranga e chegaram à rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt. Até então, não havia registro de ocorrências graves.

Na altura da Roosevelt, os manifestantes foram impedidos pela polícia de seguir na Consolação até a avenida Paulista. Iniciou-se uma negociação entre o comando da PM e lideranças do movimento. Em um dado momento, por volta de 19h10, começou o confronto. Segundo o jornalista Elio Gaspari, da Folha de S.Paulo, os distúrbios começaram pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, que chegaram com esse propósito.

Pouco depois, o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, disse que o protesto, que até então transcorria pacificamente, tinha "fugido do controle". "Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer", declarou.

A PM usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os ativistas, que responderam atirando objetos. A partir de então, o protesto se dispersou. Grupos menores prosseguiram por ruas dos bairros de Cerqueira César e Consolação na tentativa de chegar até a Paulista.

Atrás deles, a PM, com grande efetivo, disparou quantidade de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Transeuntes que não estavam participando do protesto foram atingidos, como uma idosa de 67 anos, baleada no rosto logo após sair de uma igreja.

A avenida Paulista foi esvaziada e bloqueada pela PM com tanques blindados. Muitos manifestantes ainda tentavam chegar à avenida, mas eram impedidos pelos policiais. Por volta de 21h45, a Paulista foi liberada para os carros.

Perto das 22h, um grupo de curiosos e remanescentes da manifestação foi retirado à base de golpes de cassetete pela PM do vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Cerca de 22h40, um grupo de pelo menos 40 pessoas saiu em uma minipasseata pela calçada, a uma quadra do museu, pedindo o "fim da violência". Eles foram recebidos com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

O fotógrafo Filipe Araújo, 33, do jornal "O Estado de S.Paulo", disse ter sido atropelado foi um carro da Força Tática quando fotografava a barricada feita por manifestantes no lado centro do rua Bela Cintra. Ele sofreu ferimentos no braço e nas costas.

"Os carros da PM desceram a rua atropelando o lixo que estava no caminho. Passaram por mim, mostrei minha câmera, mas me atropelaram e caí de lado, na beira da calçada. Aí desceram de um dos carros e ainda gritaram: 'levanta, levanta', sendo que eu tinha acabado de ser atropelado", disse.

CONFIRA OS QUATRO DIAS DE PROTESTO EM IMAGENS

  • Policial atinge cinegrafista com spray de pimenta
  • PM agride clientes de um bar na avenida Paulista
  • Policial atira bombas contra manifestantes
  • Cartaz faz referência à música Cálice, de Chico Buarque, escrita durante a ditadura
  • Manifestantes se ajoelham para tentar se proteger de ação policial
  • Mulher anda de bicicleta em meio a confronto entre policiais e manifestantes
  • Garota segura flor enquanto usa orelhão pichado durante protesto
  • Mulher é ferida na cabeça ao passar por confronto entre polícia e manifestantes
  • Policial atira contra manifestantes em rua do centro de São Paulo
  • Vídeo mostra policial quebrando o vidro do próprio carro da polícia em SP
  • Manifestante faz sinal da paz para policiais
  • Policial Militar aponta arma para se defender de agressores
  • Manifestantes se ajoelham diante de PMs durante protesto na avenida Paulista
  • Policial tanta apagar fogo provocado por manifestantes
  • Manifestantes fazem fogueira durante protesto contra o aumento das passagens
  • Manifestantes tomam a avenida Paulista no segundo protesto
  • Multidão participa do primeiro protesto contra a aumento na tarifa de ônibus

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