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24/07/2012

GREVE DA UERJ SOFRE COM IMPASSE E NÃO TEM PRAZO PARA ACABAR


Retirado do site do jornal Extra.


Publicado em 24/07/12 12:24  -  Leonardo Cazes - O Globo

RIO - A greve dos professores e funcionários da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), parados há quase um mês e meio, parece longe de um fim. De um lado, os profissionais alegam que a defasagem salarial ultrapassa 60% e pedem a criação do regime de trabalho em dedicação exclusiva. Do outro, a Secretaria estadual de Planejamento e Gestão (Seplag) afirma que o plano de cargos e salários criado em 2008 e concluído em 2011 concedeu aumentos de até 61%, no caso dos docentes, e 118% para os técnicos-administrativos, acima da inflação do período. Enquanto isso, a reitoria da universidade move duas ações judiciais contra o movimento.


A primeira ação, que teve uma liminar concedida no dia 11 de julho pela juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara de Fazenda, impede qualquer tipo de manifestação no campus da universidade. A segunda requer que a greve seja considerada ilegal. Os dois pedidos foram feitos pela procuradoria da Uerj. Em uma tutela antecipatória deferida pelo desembargador Bernardo Moreira Garcez Neto, do órgão especial do Tribunal de Justiça, 60% dos professores e funcionários devem retornar ao trabalho na Uerj e 80% no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), para que sejam mantidos os serviços essenciais.


Os sindicatos, que já recorreram das duas ações, veem uma tentativa de intimidar e enfraquecer o movimento, já que seus diretores, além de representantes dos estudantes, foram citados nominalmente. Na opinião do presidente da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj), Guilherme Mota, trata-se de retaliação a um ato realizado no dia 5 de julho e que forçou a reitoria a abrir negociação com os grevistas. Ele afirma que o comando da instituição está mais preocupado em defender os interesses do governo do estado do que dos funcionários.


- A mobilização está muito grande. Apenas 43% das turmas tiveram as notas preenchidas, o que mostra a força do movimento. Já esperávamos a judicialização da greve, mas não com tamanha violência por parte da reitoria - afirma o professor.


Mota garante que o funcionamento do hospital universitário não foi prejudicado pela paralisação e questiona o fato da Uerj, ao contrário das instituições federais em greve, ter demorado a suspender o calendário acadêmico. A medida não foi votada pelo Conselho Superior de Ensino e Pesquisa (CSEP), mas tomada através de um ato executivo do reitor Ricardo Vieiralves na semana passada. Segundo a Asduerj, o CSEP tinha uma reunião marcada na semana em que a greve foi deflagrada para discutir o assunto. Contudo, a sessão foi suspensa pelo próprio reitor.
A reitoria da Uerj foi procurada pela reportagem desde a última quinta-feira e enviou uma série de perguntas por e-mail ao reitor. Até agora, não houve resposta. Já a Seplag afirmou que não está em negociação com os grevistas e que o projeto de criação do regime de dedicação exclusiva está sendo discutido em conjunto com a reitoria da instituição.

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