Retirado do site Todos pela educação.
Notas vermelhas e um pedido da própria mãe para que a escola repetisse o filho de ano. Nada disso foi suficiente para que um garoto tivesse que refazer a 7ª série em um colégio da rede municipal de Santos
Fonte: Jornal A Tribuna (SP)
Tatiane Calixto
Cinco notas vermelhas e o pedido da própria mãe para que a escola repetisse o filho de ano. Nada disso foi suficiente para que um garoto de 13 anos tivesse que refazer a sétima série em um colégio da rede municipal de Santos.
Este ano, o adolescente estará na oitava série, mesmo tendo obtido notas vermelhas em disciplinas como Português, Geografia e História. Em Matemática, ele fechou o ano precisando de sete pontos para atingir o que é considerado o mínimo, na avaliação de aprendizagem.
“Eu fui até a escola. Fui lá pedir pelo amor de Deus para que repetissem ele de ano porque ele não tem condições de passar”, diz aflita a mãe do garoto, Veridiana Rodrigues Ramires. “Eu tinha esperança que eles reprovassem meu filho”, lamenta. Ela afirma que o caso do garoto não é isolado e que a prática vem desmotivando pais, alunos e também professores.
E o caso não se limita à rede municipal. De acordo com o professor Sidnei Ribeiro de Moraes (que dá aulas de Física em um colégio estadual), a situação é parecida. “Nós seguimos uma política que obriga o professor a passar o aluno de ano. Arredondamos notas sempre para cima. 4,1 vira 5. Tudo isso é para termos um bom índice de aprovação”, afirma em tom de revolta o docente.
“O aluno pode ter 300 faltas (não por dias letivos, mas por matérias) e ainda assim passa. E o pior é que o regimento das escolas permite estas arbitrariedades. E quando deixam o aluno de dependência, os casos são resolvidos com trabalhos do tipo ctrl+c e ctrl+v”, diz o professor, referindo-se aos comandos do computador que podem copiar e colar trechos de textos e afirmando que parte dos trabalhos é de cópias da internet.
Tudo isso colabora, na opinião dele, para que um número cada vez maior de alunos termine o ensino fundamental sem realmente dominar o conteúdo.
“Também aumenta o número de analfabetos funcionais”, diz. O analfabeto funcional, apesar de saber ler e escrever, não consegue interpretar um texto ou realizar operações matemáticas mais complexas. O analfabetismo funcional é apontado como um dos principais resultados da baixa qualidade do ensino no País.
A solução, para o professor, é rever o sistema de avaliação, abolir o arredondamento para cima das notas e garantir que as dependências e recuperações sirvam, de fato, ao propósito de complementar o aprendizado.
Para a mãe do garoto que passou para a oitava série, a solução escolhida é mudá-lo de colégio.
“Eu vou mudar meu filho, já estou providenciando isso. Ele disse que sabia que iria passar de ano. Isso não está certo. Na minha época era muito mais rigoroso”.
Este ano, o adolescente estará na oitava série, mesmo tendo obtido notas vermelhas em disciplinas como Português, Geografia e História. Em Matemática, ele fechou o ano precisando de sete pontos para atingir o que é considerado o mínimo, na avaliação de aprendizagem.
“Eu fui até a escola. Fui lá pedir pelo amor de Deus para que repetissem ele de ano porque ele não tem condições de passar”, diz aflita a mãe do garoto, Veridiana Rodrigues Ramires. “Eu tinha esperança que eles reprovassem meu filho”, lamenta. Ela afirma que o caso do garoto não é isolado e que a prática vem desmotivando pais, alunos e também professores.
E o caso não se limita à rede municipal. De acordo com o professor Sidnei Ribeiro de Moraes (que dá aulas de Física em um colégio estadual), a situação é parecida. “Nós seguimos uma política que obriga o professor a passar o aluno de ano. Arredondamos notas sempre para cima. 4,1 vira 5. Tudo isso é para termos um bom índice de aprovação”, afirma em tom de revolta o docente.
“O aluno pode ter 300 faltas (não por dias letivos, mas por matérias) e ainda assim passa. E o pior é que o regimento das escolas permite estas arbitrariedades. E quando deixam o aluno de dependência, os casos são resolvidos com trabalhos do tipo ctrl+c e ctrl+v”, diz o professor, referindo-se aos comandos do computador que podem copiar e colar trechos de textos e afirmando que parte dos trabalhos é de cópias da internet.
Tudo isso colabora, na opinião dele, para que um número cada vez maior de alunos termine o ensino fundamental sem realmente dominar o conteúdo.
“Também aumenta o número de analfabetos funcionais”, diz. O analfabeto funcional, apesar de saber ler e escrever, não consegue interpretar um texto ou realizar operações matemáticas mais complexas. O analfabetismo funcional é apontado como um dos principais resultados da baixa qualidade do ensino no País.
A solução, para o professor, é rever o sistema de avaliação, abolir o arredondamento para cima das notas e garantir que as dependências e recuperações sirvam, de fato, ao propósito de complementar o aprendizado.
Para a mãe do garoto que passou para a oitava série, a solução escolhida é mudá-lo de colégio.
“Eu vou mudar meu filho, já estou providenciando isso. Ele disse que sabia que iria passar de ano. Isso não está certo. Na minha época era muito mais rigoroso”.
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