Retirado do site do SEPE.
11/03/2013
Sabemos que a Secretaria Estadual de Educação está pressionando para que os professores realizem o horário de planejamento dentro das escolas. Isso na verdade, significa arrocho salarial.
Divulgamos a Carta produzida coletivamente pelos professores do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, diante da exigência da Metropolitana III para que as horas destinadas ao planejamento sejam cumpridas na escola.
Segue a carta:
“Nós, docentes do Colégio Estadual Visconde de Cairu reunidos em assembleia no dia 02 de março de 2013, ao analisarmos os diversos problemas enfrentados em nossa prática diária, entendemos que a determinação da Secretaria estadual de educação de tornar obrigatório o cumprimento do horário complementar na escola amplia a precarização do nosso trabalho e aumenta a carga de trabalho não remunerado. Tal iniciativa fere a autonomia dos professores no que se refere à metodologia de trabalho, à escolha dos recursos e até dos espaços mais adequados para a elaboração do planejamento.
“Na construção desse planejamento, parte significativa dos meios escolhidos pelos docentes, dado a sua natureza, não cabe nos espaços limitados às unidades escolares: pesquisa em museus, bibliotecas, exposições em centros culturais, cinemas, etc. As unidades escolares que, via de regra, sequer dispõem dos espaços e recursos necessários para as reuniões semanais, não dispõem igualmente de locais apropriados à leitura e necessária reflexão para a elaboração das aulas e do material de apoio didático e midiático, menos ainda à tranquila e segura correção das avaliações.
“Desconsiderando a possibilidade de se manter um diálogo respeitoso e construtivo, valorizando o saber docente e sua capacidade de formular e encaminhar propostas, a secretaria toma uma iniciativa sem consultar os professores. Fato esse que poderia contribuir para a melhora na qualidade do ensino do rio de janeiro.
“A falta de políticas públicas realmente comprometidas com a educação de qualidade, não tem garantido os investimentos necessários para a criação e manutenção de estruturas físicas que viabilizem a realização de parte do trabalho de planejamento no interior das unidades escolares. A precariedade de recursos materiais e humanos, tanto quanto o autoritarismo do governo na relação com os docentes, ferem a autonomia pedagógica e, consequentemente, a qualidade das aulas.
“Não será o compulsório “confinamento” dos professores no interior das escolas por mais quatro horas a garantia da execução de um planejamento que atenda ás necessidades da comunidade escolar. Ao contrário, significa apenas o cumprimento burocrático do horário determinado pela secretaria na escola, o que entendemos como circunstância responsável por ameaçar a boa qualidade das aulas. Os professores terão ainda que ampliar suas horas de trabalho para além das dezesseis horas, fazendo o planejamento de fato em outra hora e local, ampliando assim a carga de trabalho não remunerado.
“Isoladamente, nenhuma proposta de alteração no campo da educação pública logrará resultados efetivos e duradouros, enquanto os profissionais da educação receberem baixos salários, faltarem recursos materiais nas escolas, não for respeitada a autonomia pedagógica docente e predominar o autoritarismo do governo na relação com os profissionais da educação.”
Professores do Colégio Estadual Visconde de Cairu – Metro III
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