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20/12/2012

DESABAFO DA PROFESSORA SOBRE FORMATURA ALUNOS NO PROJETO AUTONOMIA DA GLOBO

Retirado do grupo Servidores Municipais do RJ.

Se você não viu na tv pode ver aqui no blog. Depois leia o relato abaixo para comparar com a reportagem do RJTV.




Desabafo da professora Cynthia Vallim:
Esta é a parte da formatura do Autonomia Carioca que vc não viu na TV!

É incrível o que acontece quando falta de respeito, organização e preparo se juntam na mesma hora e local.


Sai da minha casa na expectativa que ontem (18/12) seria um grande dia, emocionante, na minha vida e dos meus alunos. Dois anos das nossas vidas foram empenhados no sentimento de mudança. Imbuídos da metodologia do Projeto Autonomia, trabalhamos, paralelamente ao conteúdo, a importância do respeito ao próximo e aos compromissos, do cumprimento de normas, do bom comportamento, de ser cordial, gentil e muitos outros valores humanos.


Às 7:00 todos estavam na escola e zarpamos para o HSBC Arena animados. Pontualmente estávamos lá e subimos a rampa felizes para procurar o local onde a 3ª CRE ficaria, mas não o encontramos, pois neste ano – na maior formatura do autonomia dentro da rede – não havia indicação de lugares. Tudo bem, escolhemos um bom lugar e nos sentamos para esperar, esperar, esperar.... até que a formatura começasse.


Acomodando os alunos, desci a rampa para levar meu aluno Igor – representante escolhido pela 3ªCRE – até a mesa. Não havia alguém que pudesse me indicar como chegar ao nível zero, onde ficava o palco. Quando enfim consegui a simples informação “pegue o elevador de serviço” fui barrada pelo “supervisor” com um sutil: “-Pode fechar a porta que ela não vai descer”, sem sequer saber o porquê de eu estar querendo pegar aquele elevador.


Quando pude, enfim, explicar porque queria descer, este homem me mandou ir pela rampa, mas... quando cheguei ela, também fui impedida de descer. Não adiantava explicar que aquele aluno era representante da CRE e que eu precisava levá-lo ou fazê-lo chegar ao palco. A ignorância e a rispidez impedia que aqueles compreendessem que eu, responsável por aquele aluno, precisava fazê-lo chegar ao local devido e que era quase impossível, naquele momento, fazer contato com alguém da CRE para se deslocar dos seus afazeres (Detalhe, eu sou uma professora e ele um aluno, e não uma dupla de terroristas querendo invadir o palco e fazer um atentado). Depois de meia hora, MEIA HORA, tentando me fazer entender, pela graça de Deus, encontrei a Sandra Matheus, coordenadora dos Aceleras, a quem pude entregar meu aluno – única pessoa que vi circular pelo evento.


Subi, esbaforida, preocupada em não perder o começo do evento, mas infelizmente ainda tive de esperar mais UMA HORA INTEIRINHA. É... a senhora Secretária de Educação Claudia Costin conseguiu se atrasar em UMA HORA E MEIA para o evento. Depois de passar dois anos advertindo meus alunos que chegavam atrasados sobre a importância de cumprir as regras e da falta de respeito com o próximo que significa se atrasar, 15 minutos que sejam, uma pessoa (que deveria zelar pelos valores da educação) deixa 14.000, isso mesmo CATORZE MIL ALUNOS (números dados por ela própria em seu discurso) esperando.


Além de ter certeza de não ser este um ato de respeito e nem de compromisso, a Sra Secretária sabe que no discurso de 10 entre 10 professores, existe o depoimento de que os alunos do Projeto Autonomia Carioca tiveram instrumentos para controlar a sua agressividade, mas ainda estão em processo de superá-la, e deixar alunos com os seus históricos sentados, trancados num lugar com pouca água, sem comer e proibidos, em alguns instantes, de ir ao banheiro pelos “simpáticos” seguranças, não poderia render bons saldos. E foi o que aconteceu. Brigas (que Costin fez questão de ressaltar em sua fala como se fossem simples atos de vandalismo ou falta de educação) que fizeram com que alguns responsáveis retirassem seus alunos do evento.

Passada a formatura (que durou menos tempo que a demora da Secretária), desci para buscar meu aluno e demorei mais 20 MINUTOS para conseguir que alguém compreendesse que eu não poderia ir embora e largar meu aluno para trás.

Descendo a rampa, pude perceber ainda mais o despreparo dos seguranças da empresa PROSEG no lidar com alunos. Dirigiam-se aos adolescentes com truculência, agressividade, que – se o fizessem com bandidos ou marginais – os direitos humanos iriam cair em cima. Puxavam alunos pela camisa, pelo braço, empurravam, gritavam impropérios, ignorando que estes alunos eram menores, tinham professores responsáveis por eles e que não estavam fazendo nada demais: pulava, cantavam, gritavam, é verdade... coisas típicas de alunos e com as quais lidamos todos os dias nas nossas escolas e tiramos de letra. 


Chegando do lado de fora pude perceber o porquê do comportamento dos seguranças. Este era o reflexo do comportamento da própria empresa, uma vez que o Gerente operacional da mesma, Sr Marcos Lobo, chamou um grupo de alunos nossos de ANIMAIS (Vaza daqui seus animais), puxando um aluno pelo braço e empurrando, apenas por que, ao tirarem uma foto, esbarraram numa grade que caiu... E eles voltaram e recolocaram no lugar! Sendo advertido pelos professores, colocou a culpa do comportamento dos seguranças em nós que “não fizeram nada para ajudá-los no controle dos alunos”. É incrível! Meus alunos não brigaram, não jogaram copos, esperaram uma hora e meia quietos, são ofendidos, agredidos e a culpa é minha! Impressionante...


Atitudes como essa de total desrespeito com os alunos e com os professores deveriam ser repudiadas por todos, mas, infelizmente, o que se viu na TV, foi uma belíssima formatura. De fato, nossos alunos estão de parabéns, nossos professores também e, exatamente por isso, deveriam ter sido tratados com mais dignidade e respeito. Nosso projeto, além de fazer um bem enorme na vida dos nossos adolescentes, vai servir para engrossar os números da prefeitura no seu “maravilhoso” projeto de melhoria da educação. De repente, pelo menos por isso, deveriam ter-nos tratado melhor.

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