Retirado do site Tribuna do Norte.
Publicação: 22 de Julho de 2011
Débora Ramos - repórter
Menos de 24 horas depois de o procurador-geral do Estado, Miguel Josino, confirma à TRIBUNA DO NORTE que o Governo do Estado iria cortar do salário dos professores os sete dias que eles não atenderam à determinação da Justiça de acabar a greve, o administração estadual volta atrás da decisão. Ontem, durante entrevista coletiva concedida pela secretária adjunta de Educação, Adriana Diniz, o governo anunciou que os professores não terão desconto algum em seus salários. "O que importa para nós é o cumprimento dos 200 dias letivos. Não há interesse em punir os trabalhadores, apenas em garantir os direitos dos estudantes, que até o momento só tiveram 51 dias de aula", disse. De acordo com a secretária-adjunta, cada escola será responsável pela elaboração dos seus respectivos calendários de aulas, que deverão ser referendados pelos conselhos escolares e enviado às Diretorias Regionais de Educação (Dired) até o dia 26 deste mês.
A escolha de descentralizar a elaboração dos planos de aula, observa a secretária, foi tomada após se levar em conta a situação de cada escola durante o período da greve. "Segundo nossos levantamentos, apenas 35% das escolas paralisaram totalmente suas atividades, no restante a greve foi parcial ou não existiu. Desta forma fica complicado elaborar um único calendário para todas as unidades", comentou, explicando que, apesar de desenvolvidos individualmente por cada unidade, os documentos deverão se submeter à aprovação da Secretaria.
Adriana adiantou, contudo, que nas escolas onde a adesão à greve foi de 100%, a reposição dos horários deverá ser feita aos sábados e no mês de janeiro de 2012. Já nas unidades onde a interrupção das aulas não foi total, a restituição das horas perdidas poderá ser feita por meio da criação do sexto período de aula. "Com medidas como estas estamos confiantes de que o ano letivo de 2011 será encerrado até o começo do próximo ano".
A secretária adjunta de Educação aproveitou a ocasião para anunciar a realização de um novo concurso para professor do Estado ainda em 2011. De acordo com ela, o certame ainda não tem data definida, mas deve oferecer 3.500 vagas, das quais 2900 são para o magistério e 600 são para o cargo de suporte pedagógico. A medida, observa Adriana Diniz, tem como objetivo sanar o déficit de profissionais da educação no Rio Grande do Norte.
Durante a coletiva, Adriana também fez uma avaliação da greve do magistério, que durou quase 80 dias, e afirmou que "o Estado ainda está em débito com a categoria". "Foi um período penoso, tivemos mais de 20 audiências com o sindicato e por fim, conseguimos chegar a um consenso. Concedemos aumento de 34%, a ser pago em quatro parcelas e já estamos pagando o Piso Nacional desde junho", disse ela, enfatizando que o Executivo vai trabalhar para que essa tenha sido a última greve dos professores.
Sinte: "Foi o mais sensato a se fazer"
No que depender do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), entretanto, os planos do Governo de acabar com as paralisações na rede pública de ensino podem ser frustrados. Para a coordenadora geral do Sinte, Fátima Cardoso, a categoria saiu do movimento "profundamente insatisfeita" e, por isso, vai seguir lutando pelos seus direitos. "Estamos indignados com o fato do funcionalismo público em geral ganhar 100% mais do que o magistério, como vai ocorrer em dezembro deste ano", comentou, acrescentando que, "se a equiparação do salário dos professores com os demais servidores não ocorrer até o final de 2011, o ano de letivo de 2012 estará seriamente comprometido".
Embora se mostre descontente com o resultado do fim da greve, Fátima afirmou considerar o fato do Governo de não prosseguir com os descontos dos dias parados uma decisão prudente. "Foi o mais sensato a se fazer, pois se houvesse corte a categoria certamente pararia de trabalhar e isso só prejudicaria ainda mais os estudantes", enfatizou, reafirmando que os professores estão comprometidos a repor todas as aulas que foram perdidas durante a greve.
A coordenadora do Sinte disse, ainda, que espera que a Justiça também seja sensata e se abstenha da multa cobrada ao sindicato pelo descumprimento da determinação do retorno imediato às aulas no último dia 13 de julho. "Protocolamos ontem um ofício pedindo uma reunião para debater a revogação da penalidade", disse Fátima, afirmando que, se não for possível dissolver a multa, o Sindicato vai trabalhar para quitá-la.
Seec promete medidas para amenizar perdas
Ao explicar como seriam elaborados os calendários de aulas para o cumprimento dos 149 dias que restam para o fim do ano letivo de 2011, a secretária adjunta da Seec, anunciou que o Governo está elaborando uma série de medidas para compensar as perdas dos alunos da terceira série do ensino médio que devem prestar vestibular no fim deste ano.
Alguns alunos que estão nesta situação, contudo, revelaram não acreditar que medidas como estas serão suficientes para reverter as perdas acumuladas durante quase dois meses sem aulas. É o caso de Juliana Flávia Felipe de Andrade, de 19, que estuda na escola Padre Miguelinho, no bairro do Alecrim. Segundo ela, as paralisações fizeram com que perdesse a confiança. "No início do ano eu pensava em fazer vestibular para História, mas aí veio a greve e agora eu acabei desistindo. Vou deixar para o ano que vem", comentou.
O estudante da escola Winston Churchill, Mattheus Soares , é outro que compartilha da mesma opinião. Ele, que pensava em prestar vestibular para algum curso da área de informática, disse que vai adiar os planos para fazer um curso profissionalizante. "Como fiquei todos esses dias parados desisti de vez da ideia de fazer vestibular esse ano. Vou aproveitar o segundo semestre para fazer um curso e talvez tente entrar na faculdade no ano que vem", disse.
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