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26/05/2013

COMO A ESCOLA PODE, HOJE, RESOLVER OS PROBLEMAS CAUSADOS POR ALGUNS ALUNOS?

Retirado do blog Diário do professor.

19 MAI 2013    POSTED BY DECLEV DIB-FERREIRA

Depois do episódio do menino que agrediu a diretora – ao qual já me referi NESTE ARTIGO – levantou-se, em alguns fóruns e aqui mesmo, no Diário, o debate do que se fazer com os alunos “problemáticos”.

Sim, eles existem, independente de suas causas ou de nossas posições políticas e ideológicas, eles existem. Pra mim, muitas vezes são como consequências e vítimas de um sistema perverso; noutras, são fazedores conscientes de suas famas.

Mas, de qualquer forma, como agir com eles?

Eu afirmei, e reafirmo, que as duas posições antagônicas da balança são ineficientes e com consequências graves: tanto o nada fazer e deixar os pequenos delitos sem nenhuma sanção, punição ou consequência, quanto julgar tudo e qualquer ato como crime e passível de expulsão ou cadeia ou caso de polícia.

Algo tem que ser pensado neste meio termo.

E algo também tem que ser pensado e repensado em relação à função da escola e de como ela é equipada  – material e humanamente – para cumprir a sua função, seja ela qual for.

Será que a escola que queremos tem a simples função de não deixar que as crianças e adolescentes fiquem pela rua, tem a obrigação de assistência social, dar comida e “abrigo” temporário, como uma creche ou algo do gênero?

Ou tem a função de, realmente, preparar a pessoa física, emocional, cultural, intelectualmente para sua vida?

Tem que se definir. Mas, seja para o que for, ela não está preparada com o que dão.

Pra começar, a escola carece de parcerias e apoios externos com assistência social, ministério público, conselho tutelar, secretarias de saúde, moradia ou seja lá com quem for. Quando muito, umas visitas esporádicas que quase não servem para nada.

A escola está só, sozinha, somente ela para resolver todas as pendências. Só que, sozinha, ela não tem condições com as condições que lhe dão.

O que dão à escola? Praticamente, professores para lidar, cada um, com 30 ou 40 alunos de uma vez.



Sim, tem uma pessoa para cuidar de burocracias pedagógicas, de diários, dos inúmeros requerimentos e avisos e uma direção e secretária para lidar com a parte também burocrática.

E a parte pedagógica-social-prática? A parte da lida direta com os alunos e seus inúmeros problemas sociais e de aprendizagem?

Só o professor – independente de alguma ajuda que um coordenador ou supervisor pedagógico possa dar esporadicamente, o professor é só.

Tem psicólogos ou terapeutas? Não.

Tem assistentes sociais? Não.

Tem médicos? Não.

Tem apoio constante de conselho tutelar? Não.

Tem prática de esportes para além dos dois tempos mirrados da educação física? Não.

Tem prática de artes diversas, para além dos dois tempos mirrados de artes? Não.

Tem gente para cuidar de um reforço para os que tem maiores dificuldades? Não.

Tem apoio praqueles que tem algum tipo de deficiência ou necessidades especiais? Não.

Tem… ? Não, não tem.

Quando tem algo, são exceções de alguma rede, mas uma tem uma coisa, outra tem outra… nunca o necessário.

Mas tem, isso sim, 400, 500, 600 ou mais crianças e adolescentes em um prédio e professores para dar conta de ensinar algo que eles não querem.

Tudo isso dentro em uma construção [muitas vezes precária] inserida no meio, literalmente, dos locais mais violentos da cidade.

A escola é quase que a única construção no meio da violência do tráfico, da polícia, da falta de saneamento, da falta de transportes, da falta de moradia, da falta deda falta de tudo.

“Falta tudo ali, naquela comunidade violenta!”

“Ah, pelo menos tem uma escola lá dentro!”

Ninguém vai pra lá, nem taxi chega lá. Mas os professores vão.

É, deste jeito, simplesmente, um barril de pólvora.

E é deste jeito que os professores, coordenação e direção têm que gerir este barril de pólvora.

No mais, os responsáveis sabem que, para além de um direito, é um dever “enviar” os alunos à escola. Inda mais quando se ganha dinheiro com isso, e que poder-se-ia perdê-lo se o aluno não “frequentar” a escola.

Então, muitas vezes é só isso que basta: frequentar a escola. Não precisa estudar, não precisa prestar atenção em nada, não precisa nem mesmo levar material didático pra lá, como muitos, aliás, não levam. Basta ir.


Como, então, mudar isso com o que [não] nos dão?

Abraços,

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