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25/05/2012

ESTUDO MEDE CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA AO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

Retirado do blog Diário do Professor.



Estudo mede contribuição da Escola ao desenvolvimento intelectual – mais uma falácia para falar mal da escola pública
por Declev Dib-Ferreira
em 15/05/2012

Estudo mede contribuição da Escola ao desenvolvimento intelectual.
Esta é mais uma falácia para falar mal da escola pública, mais um reducionismo do amplo espectro da educação.
Vejam o texto completo do artigo sobre o estudo da contribuição da escola ao desenvolvimento intelectual.


Ora, ninguém pode negar que a escola pode ser mais ou menos motivadora, mais ou menos desenvolvedora de habilidades e de capacidades intelectuais.


Mas reduzir-se esta questão a este estudo, falho, é mais uma vez nivelar os absolutamente diferentes pela mesma ótica.


As conclusões a que se chegaram são totalmente direcionadas ao que eles queriam chegar, pois pode-se muito bem chegar a outras.
Ou seja: vê-se o sol passear por todo o céu da Terra, de horizonte a horizonte, portanto… o Sol gira em torno da Terra!


É uma conclusão a que podemos chegar, mas sabe-se que não é bem assim.
Vamos analisar.
Primeiro, pinçaremos alguns itens do artigo e da pesquisa (com negritos meus):


1 – O estudo foi feito com dois grupos de alunos do 7º ano do ensino fundamental de escolas públicas de São Paulo. Todos se inscreveram para participar do Projeto Alicerce (programa da ONG Ismart que concede bolsas em colégios particulares de elite que preparam o aluno para cursar o ensino médio nessas instituições), porém metade foi aprovada e metade não.
2 – A nota dos dois grupos era muito parecida no Saresp, mas, dois anos depois, quando os estudantes concluíram o 9º ano do ensino fundamental, a comparação do desempenho dos dois grupos apontou diferenças – os que participaram do projeto tiveram um acréscimo de pontos maior na prova do Saresp.


3 – “Em dois anos, estudantes que participaram de aulas no contraturno em colégios particulares avançaram mais de 100 pontos na média do Saresp”;


4 – Segundo o pesquisador – um economista da USP, “Os resultados mostram que a escola faz a diferença”. Segundo o artigo, “concluiu-se que o ambiente escolar contribui, e muito, para alavancar alunos do nível básico ao avançado”;


5 – E, segundo a a diretora da ONG, “Temos dificuldade em preencher as 20 vagas disponíveis por escola participante. É difícil encontrar alunos dentro do perfil. Tem que ter motivação, família dando suporte, maturidade e bom desempenho. O programa exige muito deles”
Vocês percebem a maldade?
Percebem as mensagens subliminares?
Percebem a manipulação das informações?


E tudo isso com uma capa de “científico”, de “universitário”, ou seja, como se fosse a verdade absoluta provada e comprovada por um estudo “científico”.


Vamos às minhas considerações:

1 –


O estudo foi feito com alunos que se inscreveram para participar do projeto.


Bom, se eles se inscreveram, é porque queriam algo mais, não são aqueles alunos que não querem nada com o estudo. Então, já começamos a selecionar os alunos de determinada escola, não são todos os alunos de toda a escola, certo?


2 –


Percebam onde está o pulo do gato, na frase da diretora da ONG: “É difícil encontrar alunos dentro do perfil. Tem que ter motivação, família dando suporte, maturidade e bom desempenho.”


Ops!, “alunos dentro do perfil”??? Tem que ter “motivação, família dando suporte, maturidade e bom desempenho”???


Então não estamos falando de escola, mas de alunos!!!


Presta atenção: você seleciona, dentre os alunos que querem algo, os melhores.


É a seleção da seleção, em termos de “bom desempenho”, “motivação”, família dando suporte”, “maturidade”.


3 –


Aí você pega a nata da seleção dos alunos e o que faz?


Faz mais com eles. Faz com eles muito mais do que a escola em que os outros – o refugo – estão, é capaz de fazer.


Você dá a eles aulas no contraturno, aulas de reforço, aulas direcionadas a que possam fazer uma boa prova.


Ou seja, aos outros – o refugo – você dá o mesmo. E eles são justamente os que mais precisam, porque são desmotivados, não têm bom desempenho, a família não dá o suporte necessário…


Temos, inclusive, dentro deste refugo, aquele grupo dos melhores, mas não tão bons, que foi descartado pelo projeto porque não passou numa primeira prova de seleção.


Mas todos estes continuam estudando metade do tempo dos outros (sim, porque não tiveram direito ao contraturno) juntamente com todos aqueles alunos que “não querem nada”, são desmotivados, não têm bom desempenho, a família não dá o suporte necessário…


– Então, com estes dados totalmente desproporcionais, com estas duas realidades tão distintas, com estes dois grupos de análise absolutamente incompatíveis, a USP, a melhor universidade do país, faz um estudo “científico” e chega à brilhante conclusão que “a escola faz diferença”.


Ora, meus amigos: o que fez a diferença foram os alunos!


Os alunos foram selecionados e foram dadas a eles muito mais opções de estudo ou aprendizado!


E se, por acaso, este contraturno com um grupo menor, selecionado, direcionado ao estudo e aprofundamento de determinada matéria fosse feita na mesma escola que eles estudam, o resultado seria diferente?


Não, meus amigos, não seria: eles teriam, com certeza, um grande aumento de “pontos” nas provas, pois teriam, para além das aulas normais com aqueles que são desmotivados, não têm bom rendimento nem família dando suporte, aulas de reforço com um grupo menor.


Então, como se pode chegar, com estes dados deturpados, à conclusão que a escola faz diferença?


Eu respondo: sendo malicioso, maldoso e direcionando sua conclusão ao que você quer dizer. Eles querem dizer que o Sol é que gira em torno da Terra.


Eu chego à seguinte conclusão:


Selecionar os melhores alunos de uma escola – os mais motivados, que têm a família dando suporte, que têm maturidade e bom desempenho – e dar a eles mais tempo de estudo, separados dos “piores” alunos, é eficaz para melhorar os índices nas provas oficiais.


Nada mais do que isso.


Abraços,


Declev Reynier Dib-Ferreira
Revoltado

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