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20/06/2012

ENTREVISTA COM SECRETÁRIO RISOLIA NA FOLHA DIRIGIDA


Retirado do site do jornal Folha Dirigida.
Leiam a entrevista e tirem a conclusão que quiserem.

Última Atualização - 19/06/2012
"Temos de sair do discurso para a prática"

Secretário de Educação, Wilson Risolia: “Conhecemos os alunos e as necessidades que têm”
Nas próximas semanas, a política educacional implantada pelo secretário Wilson Risolia, na rede estadual de ensino, deve passar pelo primeiro grande teste. O MEC deve liberar, em breve, o resultado do desempenho dos alunos na Prova Brasil, que, combinado com os indicadores de aprovação e reprovação, constitui o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Segundo a Secretaria, o índice de aprovação foi o terceiro que mais cresceu em todo o país, o que não evitou um resultado, no mínimo, preocupante: a rede, no ensino médio, é a segunda que mais reprova. Resta saber se o desempenho na Prova Brasil será suficiente para não só retirar o ensino médio da penúlima posição do último ranking do Ideb (de 2009), como também para viabilizar a meta de, em 2014, o estado figurar entre os cinco melhores do país.

Para atingir este objetivo, a Secretaria de Educação colocou em prática uma série de ações, entre as quais, estão a avaliação de alunos, incentivo aos estudantes que participarem das provas e obtiverem bons desempenhos, criação de gratificações para professores, investimento em qualificação profissional, entre outras. 

Em visita à FOLHA DIRIGIDA, o secretário Wilson Risolia fez as primeiras análises sobre o desempenho dos alunos. Por ter recebido as informações sob sigilo, ele não divulgou os índices, mas afirmou que a rede evoluiu e que está mais confiante em relação às metas traçadas.

“Tenho mais segurança hoje do que tinha quando formulei a meta. Hoje, conhecemos o problema; eu conheço a rede. Conhecemos os alunos e as necessidades que eles têm, por causa dessa avaliação”, destacou Wilson Risolia, que, nesta entrevista, critica a postura, em especial do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), ressaltando que o país precisa de menos discurso e mais ações para identificar e resolver os problemas da educação. “O Brasil é o 53º do ranking Pisa e somos a 7ª economia do mundo. Como é que pode? Temos de sair do discurso para a prática.“

O MEC já divulgou, para os secretários estaduais e municipais de Educação, o resultado da Prova Brasil. O que o senhor pode nos dizer do desempenho dos alunos da rede estadual?
Wilson Risolia — Recebemos, há mais ou menos três ou quatro semanas, a taxa de rendimento escolar, que é relativa aos índices de aprovação, reprovação e abandono. Nesta taxa, o Rio foi o 3º estado que mais cresceu em todo o país, tanto no fundamental como no ensino médio. E, na terceira série, foi o segundo que mais cresceu. E isto é muito bom, pois a taxa de rendimento é a base para o cálculo do indicador de fluxo, um dos que vai gerar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Uma curiosidade: nós crescemos mais do que o conjunto de toda rede pública. E, considerando-se os setores público e privado, também crescemos mais que os dois juntos. Outras informações que recebemos na semana passada, sob sigilo, foram referentes ao resultado da Prova Brasil, que é o indicador de proficiência. Com o indicador de fluxo, ele gera o resultado do Ideb. Nesse indicador, nosso resultado também melhora. 

A partir dos dados que o senhor recebeu, é possível nos dizer em qual disciplina melhorou mais?
Foi em Matemática. E o 3º ano melhora mais. Por isso, na taxa de rendimento, passou do terceiro maior índice de crescimento para o segundo maior. Essa é a notícia boa. A notícia ruim é que, quando você olha para o Brasil, aí falo como formulador de política pública, existe o que chamamos de seleção adversa. As taxas de abandono e reprovação são tão grandes que há um filtro. Muitos dos que ingressam não saem formados.

A partir dos resultados coletados, o senhor diria que está mais difícil ou mais fácil atingir as metas estabelecidas pela Secretaria de Educação?
Essa foi a pergunta que o governador fez. Minha resposta: tenho mais segurança hoje do que tinha quando formulei a meta. Hoje, conhecemos o problema; eu conheço a rede. Conhecemos os alunos e as necessidades que eles têm, por causa dessa avaliação. Antes, tínhamos teoria, estudos, papers, muita conversa com educadores. Todos falavam a mesma coisa. 

Desde que assumiu, o senhor colocou em prática um sistema de acompanhamento dos dados da rede. O que já pôde constatar a partir desse processo e que ações tem colocado em prática a partir dos dados?
Em 2010, realizamos reforço escolar para 60 mil alunos. O reforço era condição sine qua non, pois, do contrário, ficaríamos enxugando gelo.  Fechamos o ano de 2011 com 160 mil alunos fazendo reforço. Foi uma operação de guerra. Até por isso, a taxa de rendimento melhorou. Graças às provas bimestrais, na primeira prova de abril de 2011, já era possível identificar as deficiências dos alunos e encaminhá-los para o reforço necessário. Com isso, temos tempo de recuperar os estudantes. Com isso, muitos alunos deixaram de ser reprovados, daí a melhora no índice. Este ano são 240 mil alunos fazendo reforço. Essa é a meta pra este ano de 2012.


Além do reforço escolar, o que tem sido feito para aumentar os índices de aprovação na rede estadual?
Temos também o Programa Renda Melhor Jovem, voltado para os filhos de famílias muito pobres. São crianças que, muitas vezes, têm um subemprego e, por conta disso, ficam no dilema entre ajudar sua família com complementação de renda ou continuar estudando. E a conta daqui também foi simples. O nosso investimento médio por aluno, em 2011, era R$2.700. Hoje ele é R$4.060. Então se a defasagem idade série começa a partir de dois anos de repetência, é fácil concluir que, em uma situação como essa, são R$8 mil jogados no ralo. E, no Renda Melhor Jovem, o aluno pode ganhar até R$4.500. Com a poupança de incentivo, eu ataco duas frentes. Melhoro a qualidade do gasto e ainda motivo essa criança a continuar estudando. Há também o projeto Jovens Turistas, pelo qual os alunos que têm desempenho bom nestas avaliações bimestrais da rede ganham viagens. Também vamos distribuir netbooks. Este ano, distribuiremos 10 mil máquinas. Firmamos, também, uma parceria com o Ibmec-RJ, pelo qual alunos da rede pública vão ganhar bolsas de estudo integrais em uma das melhores faculdades de negócios do país. São 11 bolsas por semestre, em um investimento de R$100 mil por aluno. Então, há uma sincronia entre essas ações, que procuram valorizar a meritocracia. Há pessoas que não concordam, mas a vida é assim, ela premia os melhores. E esse é o recado: os melhores alunos, se fizerem os simulados, se fizerem o Saerj, se passarem de ano, serão beneficiados.

A Secretaria de Educação realizará uma Semana de Artes, em julho. Como será este evento?
Essa Semana da Arte foi um estímulo pensado a partir de pesquisas que fizemos. Há jovens que, por exemplo, passam cinco anos sem ler um livro. Como trazer para o mundo das letras esse estudante que não têm o estímulo em casa? Em muitas das nossas escolas, não faltam livros, mas sim o incentivo. Então pensamos nessa Semana da Arte. Qual é a lógica? Através da arte, induzi-los à leitura. Se ele for representar uma peça, ele vai ter que ler a peça. Se fizer uma oficina de leitura, terá que ler aquele livro. 

O senhor tem tido notícia de ações nas escolas? A Secretaria tem inspirado os professores a realizarem projetos para melhorar o ensino?
Temos. Por exemplo, ano passado foram quatro mil bolsas de formação continuada. Esse ano são sete mil bolsas remuneradas. Então, o professor ganha o curso de graça e ainda recebe uma bolsa-auxílio para fazê-lo. É um curso feito por um consórcio de universidades públicas. Temos também um MBA para gestores escolares, em parceria com o Sistema Firjan e a Fiesp. Lançamos essa ação porque entendemos a necessidade de qualificar esse ensino médio, que, segundo os próprios educadores, tem matriz complicada, poucas atividades para o jovem, não prepara o estudante para o mercado, entre outros problemas. 

O Saerj faz parte de uma avaliação estadual e, a partir de seus resultados, os professores podem receber uma gratificação. Já se sabe quantos ganharão esse bônus? Quando sai o resultado? 
Os números ficaram prontos ontem porque o Inep divulgou há três semanas a taxa de rendimento. Sem ela eu não tinha como calcular o Índice de Fluxo. Com os dados referentes ao desempenho no Saerj, chegarei ao Iderj. Em breve, os dados serão divulgados.

Como avalia, em linhas gerais, o resultado?
Foi dentro do que nós esperávamos. Há estados em que os prêmios são pagos a partir de 50% da meta, por exemplo. Não foi a nossa escolha, pois, se pagarmos 50% da meta, continuaremos nas últimas posições. Nossa situação era tão ruim, que a nossa régua começou com 95% da meta. Mas o que posso dizer é que, pelo resultado, já podemos “baixar a régua”. 

Este ano, foi criada a Escola de Aperfeiçoamento dos Servidores da educação. Qual o papel dela dentro da política de qualificação da rede?
Nessas avaliações, percebemos que algumas escolas precisam de um treinamento focado. Neste caso, quem atende é a escola Seeduc. São cursos direcionados e preparados sob encomenda. E não só na área pedagógica. Determinadas regiões, por exemplo, têm problemas com o entendimento dessa informação pós-avaliação. Se o problema está focado nelas, não tenho razão para fazer um curso para a rede inteira. 

Em assembleia, o Sindicato dos Professores da Rede Estadual (Sepe) aprovou paralisação de 48 horas por causa da Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelo Governo do Estado, junto ao STF, a respeito dos triênios. Qual a posição da Seeduc sobre isto?
Não entendo o porquê dessa celeuma. Isso é uma questão jurídica: não é possível tirar direitos adquiridos. O que o Estado fez foi criar algumas carreiras novas, basicamente analista previdenciário, gestor público e analista de finanças públicas. Essas carreiras têm uma progressão que não contempla o triênio. Há outras coisas, mas não há triênio. Então, o governo definiu que não quer que carreira nova tenha o benefício de carreira velha tem, porque cada uma tem seus benefícios. Só que o sindicato está querendo criar problema onde não existe. Tive uma audiência com eles, expliquei tudo isso, e a resposta foi “Mas eu não acredito”. Então, paciência. Se não acreditam, não adianta. Direito de carreira é constitucional, não se pode mexer, não se pode tirar.

Uma de suas atribuições é negociar com os sindicatos. E há dois principais na área de educação: o Sepe e a União dos Professores Públicos no Estado (Uppes). Qual a sua avaliação, a partir da suas negociações, sobre a postura deles. Até que ponto a política influencia?
Também tenho meu sindicato. Sou brasileiro, democrata, são valores que nós temos graças a Deus. Mas, acho que as relações precisam ter valores éticos. Visitei a Uppes várias vezes. A relação é sempre amistosa. O que não entendo são posições muito duras, como, por exemplo, “Eu sou contra o renda melhor jovem”. Eu quero entender o porquê. Como é possível ser contra um benefício para um aluno filho de família que vive com uma renda per capita de menos de R$120 ao mês? Como é possível ser contra a união de um benefício social a um rendimento escolar? Nós cariocas, principalmente, pagamos um preço muito caro por não termos tido segurança durante algumas décadas, pois foram crianças que não tiveram essa oportunidade. Mas, quando o governo oferece essa oportunidade, o sindicato diz que é contra? Criamos currículo mínimo que permite ao filho de qualquer um, em qualquer série de qualquer escola, ter um mínimo, e não o máximo, e o sindicato diz que é contra?. Realizamos uma avaliação de diagnóstico para saber que problema o estudante tem, e o sindicato boicota? Ou seja, tudo que é feito para criança, o sindicato é contra? Que discurso é esse?

Como avalia este tipo de postura?
É um discurso hipócrita. Foi como no caso do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis). Em uma pesquisa que fizemos, ficou constatado que uma das demandas dos alunos era mais segurança policial. E quando propiciamos essa segurança, deu essa celeuma toda. Mas como eu sou secretário de Estado e tenho a rede privada, inclusive, sob supervisão, a pergunta que a gente se fez numa hora de desabafo foi: “Que sociedade hipócrita é a nossa?”. Nunca ninguém falou nada dessas escolas de rico com segurança armado. Agora basta colocar segurança armado em escola de pobre que aparece psicólogo falando que é no diálogo, é o sindicato falando que “não combina”. O que não combina? Isso é segurança, está no Estatuto da Criança e do Adolescente. Se contratassem, talvez, alguma empresa de segurança, será que falariam isso? Lembram da tragédia de Realengo? O sindicato, numa rádio, ameaçou entrar com uma ação contra mim. E graças a um policial armado, que passava perto, não foi pior, se é que poderia ser pior. E esse PM, olha só como é o destino, é faz parte do Proeis. É esse tipo de herói que o Brasil precisa, não do anti-herói, que tem discurso mas não prática. Outra questão é o lançamento das notas. Hoje, qualquer pai pode entrar na internet, com sua senha, e ver a nota do filho. Aí colocamos isso numa rede pública, que é para o pai ter acesso à nota do filho, e o sindicato boicota o lançamento de notas. O filho de rico faz simulado sábado para o Enem. Na hora em que fazemos prova numa escola de pobre, para avaliar os alunos, tem boicote, trio elétrico, eles invadem sala, expulsam alunos. 

Os professores, em geral, agem dessa forma?
Felizmente, é um número pequeno que age assim. Tanto que nosso resultado melhorou graças aos professores de verdade, que se empenham e são maioria. Pelos dados da avaliação estadual, pude perceber casos de escolas que já visitei, que não tinham quadra, que possuíam problemas de estrutura e, nas quais, os professores ganharão o bônus, pois bateram a meta. Isso acontece porque, nelas, existem equipes pedagógicas comprometidas, que fazem a coisa acontecer. E nós só conseguimos isso graças ao magistério. O que fizemos foi traçar um plano de voo bem organizado. Temos de nos unir, pois, do contrário, todos pagaremos o mesmo preço. A sociedade inteira paga e o preço é alto. O Brasil é o 53º do ranking Pisa e somos a 7ª economia do mundo. Como é que pode? Temos de sair do discurso para a prática.

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2 comentários:

  1. A seeduc é um verdadeiro conto da fadas... Parece que está tudo bem e que as escolas estão perfeitas e a culpa é dos professores que não aceitam fazer um personagem deste conto.
    Minha escola não tem:
    Coordenador pedagógico, educacional, inspetor em número suficiente e o professor que se vire para resolver problemas de comportamento inclusive de drogas.
    O nosso secretário posa muito bem de principe-encantado nessa história e os professores o de bruxa-malvada. Não se engane, e faça vc mesmo essa pesquisa pelas escolas e verifique as condições de trabalho dos professores que muitas vezes se encontram doentes.

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  2. Concordo plenamente com você caro colega, o nosso Secretario está vivendo um verdadeiro conto de fadas. Enquanto não houver uma varredura na educação extirpando os maus elementos (que são muitos) os picaretas estão em todos lugares e são eles que estragam qualquer trabalho sério que o MEC deseja realizar. Para que isso aconteça tem que haver um trabalho contínuo, faltam muitos pessoas para trabalhar nas escolas. Se o governo não agrega funcionários suficientes porque então não pedir auxílio as comunidades? Nas escolas existe trabalho para todas funções principalmente para funcionários da limpeza. Precisamos de monitores de alunos, de sala de informática e também coordenadores e supervisores. Precisamos de professores acompanhantes que podemos pedir ajuda nas universidades, desta forma na falta do professor os estagiários de fim de curso, poderiam substituí-los...

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